Pelagem equina

Marchador possui mais de 50 variações

  • PAULA MAGALHÃES
  • 06/04/2019
  • 18h01

Determinada por uma combinação de genes, a pelagem - conjunto formado por pele, pelos, crina e cauda – é uma característica de grande destaque nos equinos. Por isso, ao resenhar um animal, o técnico observa também o conjunto do revestimento externo do animal e as possíveis modificações que podem ocorrer, percebendo desde então, como será sua pelagem na idade adulta.

Fatores como sexo, idade, nutrição e clima podem causar alterações na tonalidade da cor apresentada por alguns animais. Por ação hormonal, éguas prenhes e garanhões exibem um pelo mais brilhante, liso. Em indivíduos com deficiência nutricional, a pelagem tende a um aspecto ressecado, sem brilho. Com o passar dos anos, a idade do equino também é causadora de mudanças. 

As pelagens dos equinos são classificadas em categorias.

Simples e Uniformes:  Quando os pelos apresentam a mesma tonalidade, ou seja, cor única no corpo inteiro, por exemplo, na pelagem preta. 

Simples de Extremidades Pretas: Quando ocorre uma cor uniforme no corpo, mas as extremidades, crina e cauda são pretas. Exemplares de cor castanha ilustram bem essa categoria, pois na cabeça, tronco e pescoço são vermelhos, mas na crina, cauda e extremidades são pretas.

Pelagem Composta. Registra a presença de duas ou mais cores interpoladas ao longo do corpo, em alguns casos, o mesmo pelo possui duas cores diferentes. Animais de pelagem Lobuna exemplificam.

Nessas categorias são encontradas inúmeras variações, fato que torna possível a existência de dezenas de tons de pelos. Para se ter ideia dessa diversidade, de acordo com dados do Serviço de Registro Genealógico da ABCCMM, existem 56 variações de pelagens no plantel registrado. Os três tipos mais comuns na raça são: Tordilho (172.827), Castanha (101.018) e Alazã, com 48.313 exemplares.

A grande presença do Tordilho na raça se deve, além do fator histórico (muito comum na origem da raça) e ao gosto dos criadores, também ao fato de gen G do tordilho ser epistático, ou seja, sempre será evidenciado, quando presente no genótipo do animal. A presença de um garanhão dessa pelagem no rebanho contribuirá para o predomínio dessa coloração, pois o gen G é predominante sobre todos os outros.

O cruzamento entre tordilhos, que apresentam clareamento muito cedo em sua vida, não é indicado, já que, nesse caso, os animais são homozigotos, ou seja, o gen tordilho aparece duas vezes (GG) em seu genótipo, o que, além do clareamento precoce, provoca a vulnerabilidade do indivíduo, quando mais velho, ao aparecimento da melanose. O acúmulo do pigmento nas células torna o indivíduo susceptível a manifestação de tumores de células nos olhos, ânus, focinho e demais extremidades.

Não aceita pela maioria das raças, a pelagem Branca praticamente se extinguiu ao longo dos anos e segundo a médica veterinária Adalgiza Carneiro de Rezende, o que existe hoje, são os animais brancos da variedade pseudo albinos. Ela explica porque se evita essa pelagem, “Não são aceitos porque os pseudo albinos, são pouco resistentes à luz solar já que que apresentam uma enorme deficiência de pigmentação na pele. No Brasil, as tropas são criadas soltas e nas condições climáticas e de criação que usamos é indesejável porque o cavalo sofre quando solto”, enfatiza. 

A especialista recomenda alguns cuidados na hora de escolher um cruzamento, “Devemos evitar determinados acasalamentos porque o pseudo albino é dado por um gen de diluição, o animal diminui a quantidade de pigmento produzida, o que é mais acentuado quando o gen D acontece em homozigose dominante (DD) no genótipo do animal. Então, fazer o cruzamento de dois animais de pelagem Alazã Amarilha, por exemplo, não é aconselhável porque é uma variedade do Alazão com o gen D na forma heterozigota (Dd), aí 25% da população pode nascer pseudo albino, ou seja, com o gen D na forma homozigoto dominante (DD).

Criar cavalos é uma paixão que exige conhecimento técnico e muito trabalho, pois é preciso levar em consideração a qualidade de vida do equino, observando desde a nutrição ao clima, a intensidade de luz solar que o animal é exposto. Cabe lembrar, porém, que o sol também é essencial para saúde. Adalgiza destaca “Tudo o que é feito em zootecnia tem que ser visando o bem-estar animal, porque se o animal não for cuidado de forma correta, vai cair o rendimento, a qualidade e o valor zootécnico... Através da pelagem a gente sabe se ele está sendo bem cuidado, bem alimentado, com manejo sanitário adequado, o pelo tem mais brilho, fica mais fino. Se o animal está doente, desnutrido, isso não ocorre.”, conclui.

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