Os cuidados nos primeiros dias de vida de um potrinho são fatores preponderantes para ele se tornar um animal forte e saudável.
 A dentição está diretamente ligada à saúde, bem-estar e o desenvolvimento desses “pequenos marchadores”.
 Leia o artigo técnico do árbitro da ABCCMM, Lucas Fernando Augusto, médico-veterinário pela Universidade de Alfenas, atuante na área de Odontologia equina, Clínica Veterinária e Medicina esportiva de equídeos. 
 A primavera é a estação que mais ocorre nascimentos de potros. Esse período exige do criador maior atenção e cuidados especiais com os recém-nascidos, e alguns fatores como as erupções dentárias e alterações encontradas na cavidade oral dos potros, que podem ser cruciais para seu desenvolvimento até a chegada a vida adulta.
 Logo quando temos algum recém-nascido na fazenda, a curiosidade é grande para sabermos se é macho ou fêmea, se será Marcha Picada ou Batida, castanho, tordilho ou alazão.
 Uma grande porcentagem de criadores, observam primeiramente esses fatores qualitativos, porém a grande maioria também esquece ou passa por despercebido a análise de outros tópicos de suma importância, que estão diretamente ligados à saúde, bem-estar e o desenvolvimento desses “pequenos marchadores”.
 Em alguns casos, o problema só chama a atenção quando nos deparamos com situações já avançadas de animais subnutridos, desidratados, fracos com imunidade baixa e outros fatores diretamente e indiretamente ligados as alterações e problemas encontrados na cavidade oral dos recém-nascidos que possam estar impedindo ou dificultando o aleitamento.
 O primeiro exame odontológico de um cavalo deve ser realizado logo após o seu nascimento. Nesse exame devemos ter por finalidade explorar a cavidade oral em busca de possíveis alterações e deformidades de origem congênita, como por exemplo:
 - Prognatismo;
 - Braquignatismo;
 - Lábios leporinos;
 - Fenda palatina;
 - Wry nose “nariz torto”;
 - Formação do epitélio da língua.
 Essas deformidades podem ser classificadas como leves, moderadas a graves, e dependendo do caso e do grau da alteração, esses animais serão incompatíveis a vida.
 Após essa analise buscando por possíveis alterações congênitas também devemos ficar atentos as erupções dos dentes de leite (decíduos) que normalmente ocorrem nos seguintes períodos:
 
 
 
 
                                         
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 DENTES 
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 PERÍODO DE ERUPÇÃO 
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 Primeiro   incisivo 
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 0   a 1 semana 
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 Segundo   incisivo 
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 4   a 6 semanas 
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 Terceiro   incisivo 
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 6   a 9 semanas 
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 Primeiro   pré-molar ou “dente de lobo”.  
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 A   partir dos 6 meses. 
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 Segundo   pré-molar 
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 0   a 2 semanas 
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 Terceiro   pré-molar 
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 0   a 2 semanas 
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 Quarto   pré-molar 
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 0   a 2 semanas  
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 Primeiro   molar (permanente) 
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 10   a 11 meses 
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 Segundo   molar (permanente) 
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 2   anos 
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Muitas vezes podemos observar algumas situações em que a égua não deixa o potro mamar notando o incomodo da mãe. Nesse caso, é muito importante realizar o exame na boca do potro, pois problemas nas erupções dos dentes incisivos e deformidades na maxila ou na mandíbula podem estar ferindo a teta da égua causando dor e, por esse motivo, ela não deixa o potro mamar.
Algumas alterações relacionadas a saúde e ao score corporal do potro no período do aleitamento é necessário que se realize também um novo exame da cavidade oral. Problemas como “feridas” estomatites na cavidade oral podem estar prejudicando sua nutrição durante o aleitamento. 
 
Logo após o desmame desses potros é indicado que os proprietários realizem exames profiláticos a cada 6 meses, pois qualquer alteração nutricional ou alimentar durante esse período vale também uma nova avaliação odontológica.
Com isso concluímos que o aleitamento dos potros nos primeiros dias de vida é o fator preponderante para que ele se torne um futuro cavalo ou égua, e que a saúde de todo cavalo inicia-se pela boca, desde o primeiro dia de vida, por tanto de agora em diante fique atento e não deixe passar por despercebido esses problemas que possam estar comprometendo a saúde do seu “pequeno marchador”. Realize o exame odontológico!
 
 
 
 
Foto: Arquivo pessoal
 
 
 
 

 
Anomalia congênita