Paixão, Trabalho e Mangalarga Marchador

Há 70 anos uma combinação de sucesso

  • PAULA MAGALHÃES
  • 02/04/2019
  • 12h29

Uma raça de cavalos, criadores apaixonados e um sonho. Ingredientes combinados que permitiram ao Mangalarga Marchador tomar para si as rédeas de seu destino e tornar-se a maior raça de equinos da América Latina. Com quase três séculos existência, a raça ganhou sua própria entidade de representação há exatos 70 anos.

Assim, em 16 de julho de 1949, nascia a Associação dos Criadores do Cavalo Marchador da Raça Mangalarga. Instituição que, posteriormente, em 1967, sob a presidência de Bolivar de Andrade e a justificativa de que a raça já havia alcançado o mercado nacional, teria acrescentado ao nome oficial, o termo: “Brasileira”, passando a se chamar Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Marchador da Raça Mangalarga. Mas em 1984, há exatos 35 anos, na gestão de Aristides Mário Rache Ferreira, a instituição foi rebatizada com seu nome atual, Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador ou simplesmente ABCCMM, como é carinhosamente tratada por criadores e fãs da raça.  

Ter sua própria entidade de representação era um desejo forte dos criadores da época, por isso, eles já se organizavam há algum tempo para discutir o assunto e em 14 de setembro de 1948, na cidade de Caxambu (Sul de Minas Gerais) reuniram-se no salão do Novo Hotel Glória, para a histórica Reunião Preliminar de Fundação. O encontro foi dirigido pelo então presidente da Sociedade Rural do Sul de Minas, José Bráulio Junqueira de Andrade. Também esteve presente, o Superintendente de Produção Animal da Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho do Estado de Minas Gerais, Joaquim Fernandes Braga.

No ano seguinte, durante a I Exposição Estadual de Equídeos de 1949 no Parque de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte, em sessão realizada no dia 12 de julho, os equinocultores mineiros se reuniram no Departamento de Produção Animal com o então Secretário de Agricultura de Minas Gerais, Américo René Giannetti. Estavam presentes criadores do Mangalarga, Campolina e Jumento Pêga, as principais raças do estado naquela época. Após acaloradas discussões de temas que envolviam o futuro das três raças, os fazendeiros do Sul de Minas receberam do Secretário de Agricultura, em nome do Governo Estadual, o apoio necessário para a criação da sua própria associação. Assunto que seria tratado em nova reunião – específica sobre o tema – convocada para quatro dias depois, 16 de julho. 

Finalmente, em 16 de julho de 1949, aconteceu a tão esperada reunião oficial para fundação da ABCCMM. O encontro novamente presidido pelo Secretário de Agricultura oficializou a entidade. Em registro lê-se: “Ás onze (11) e trinta (30) horas do dia dezesseis de julho do ano de mil novecentos e quarenta e nove (1949), em uma das salas do Departamento de Reprodução Animal, no Parque da Gameleira, nesta Capital, sob a presidência do Exmo. Sr. Dr. Américo René Giannetti, Secretário de Agricultura deste Estado, foi realizada a reunião de fundação da Associação dos Criadores do Cavalo Marchador da Raça Mangalarga..” .

Na ocasião, foram admitidos 142 sócios fundadores que, na mesma assembleia, elegeram entre si, a primeira diretoria da instituição, que foi responsável, dentre outras coisas, pela regulamentação do padrão da raça. Ainda na tarde de 16 julho, houve a homologação do “Estatuto da Associação dos Criadores do Cavalo Marchador da Raça Mangalarga”.  

O primeiro presidente

O primeiro criador a ocupar a presidência da ABCCMM, foi o Sr. Moacyr Rezende, que liderou a instituição em seus primeiros sete anos de existência (1949-1956).

Em 24 de outubro de 1950, Moacyr Rezende, convocou Assembleia Extraordinária para discutir e oficializar o Padrão Racial do Mangalarga Marchador. Ainda em outubro, dessa vez no dia 27, houve reunião para aperfeiçoamento do Regulamento do Registro Genealógico da raça. O registro dos primeiros exemplares aconteceu durante a XVII Exposição Nacional de Animais e Produtos Derivados, realizada no Parque da Gameleira em 1950. Quando encerrou sua gestão, em 1956, haviam 355 animais registrados.  

Na mesma reunião do dia 27 de outubro de 1950, foi definida a marca oficial para a identificação dos animais aprovados para registro. Em forma de ferradura e com um M maiúsculo no seu interior, o carimbo proposto por Joaquim Fernandes Braga, identifica até os dias de hoje, os animais da raça Mangalarga Marchador.   

 


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