Deficiência de minerais afeta a saúde dos Equinos

Alimentação equilibrada é a melhor prevenção

  • PAULA MAGALHÃES
  • 14/12/2018
  • 13h25

Osteodistrofia Fibrosa, Hiperparatireoidismo Secundário ou simplesmente Doença da Cara inchada, como é chamada popularmente. Esta é mais uma enfermidade a acometer os equinos e está diretamente relacionada à dieta fornecida. O mal, que compromete as funções motoras dos animais, surge através do desequilíbrio nutricional, basicamente pelo desarranjo entre os minerais Fósforo e Cálcio.

Esse desequilíbrio de minerais é consequência do baixo consumo de cálcio, o excesso de fósforo no organismo ou pelo aumento do Paratormônio (PTH), hormônio que retira o Cálcio dos ossos e o deposita na corrente sanguínea, provocando a osteopenia, ou seja, a perda da densidade mineral óssea.  

O sintoma mais aparente está na deformidade apresentada na face do animal. O aspecto inchado é, na verdade, uma deformação do tecido ósseo, principalmente nos ossos chatos, os que mais perdem cálcio. O espaço deixado é, então, preenchido por um tecido cartilaginoso, incapaz de sustentar a musculatura corretamente. Outros sintomas, como emagrecimento, queda do desempenho nas atividades de rotina e o aparecimento de claudicações também são perceptíveis. Em casos mais graves, a doença compromete os seios nasais, dificultando a respiração, além de outras complicações que podem custar a vida do animal.   

Alguns fatores podem expor o indivíduo à aparição da Osteodistrofia Fibrose. A falta de Vitamina D – problema mais comum entre animais estabulados – é um deles, uma vez que a Vitamina D auxilia na absorção do cálcio. Rações com alto teor de fósforo e deficiência de Cálcio (neste caso é preciso ficar atento, porque não se resolve diminuindo a oferta fósforo). O tipo de pastagem disponibilizada também é um fator que merece atenção, já que algumas forrageiras são ricas em oxalato, substância que reage com o cálcio presente impedindo sua absorção pelo organismo.

Para a médica veterinária e professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de  Lavras (UFLA), Raquel Moura, o melhor método em relação à doença é a prevenção. Por isso, ela  defende a atuação dos profissionais de nutrição equina nas propriedades, “As pessoas muitas vezes  não entendem o trabalho do nutricionista especializado em cavalo e ele acaba associado somente aos  alimentos concentrados, mas é muito importante que seja feita uma avaliação completa da dieta  fornecida, o balanço mineral tem que ser feito de forma conjunta com a dieta do animal. Nem sempre a forrageira fornece sozinha, os nutrientes em quantidade suficiente.”, argumenta.  

Em algumas fases da vida dos equinos há uma demanda maior de cálcio.  Potros e éguas em fase de gestação e lactação são mais suscetíveis a esse desequilíbrio. Nesses casos, deve-se observar a necessidade de uma dieta direcionada. Raquel Moura afirma que a deficiência nutricional não causa apenas o mal da Cara Inchada, “Ao afetar a absorção do Cálcio no organismo, outras funções que dependem desse mineral estarão comprometidas, os potros podem desenvolver doenças ortopédicas, apresentar subdesenvolvimento. As équas podem ter dificuldades no parto, retenção de placenta, baixa produção leiteira. Então, somente o profissional habilitado pode dar o diagnóstico correto, porque esses sintomas podem ser confundidos com outras causas.”, orienta a professora.

As sequelas deixadas pela doença vão depender de diversos fatores, como gravidade do quadro clínico apresentado, idade, dentre outros. Mesmo com o tratamento, estagnação da doença e balanceamento alimentar, o aspecto inchado não desaparece, a deformidade da face é permanente.

 

Cuidados devem se estender aos outros animais

Quando se identifica no plantel um animal com a saúde comprometida pela Cara Inchada, os tratadores, criadores e demais pessoas envolvidas devem ficar atentos à alimentação de todos os animais, uma vez que o manejo alimentar costuma ser o mesmo para todos, há possibilidade do desenvolvimento da enfermidade em mais indivíduos. Porém, cabe ressaltar, que o incômodo não é contagioso, portanto não é transmissível de um animal a outro.

Outro importante fator, segundo a especialista é a qualidade dos alimentos entregues ao cavalo, “Os tratadores e criadores precisam ter a consciência que o animal necessita de água limpa à disposição, forrageiras de boa qualidade e sal mineral próprio para equino à vontade.”, conclui a veterinária que enfatiza, ainda, a importância do equilíbrio de todos minerais necessários ao organismo, não apenas, cálcio e fósforo.